segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Por trás da informação

Eles fazer parte do nosso dia a dia. Estão sempre lá, na TV, no rádio, nas páginas dos jornais e na internet. São eles que produzem grande parte da informação que recebemos diariamente. Por serem responsáveis por nos manter informados, contribuindo com a nossa formação enquanto cidadãos, merecem, também, ser notícia. Pensando nisso, o jornal Cidade Notícias lança o especial Comunicadores, que contará, por meio de entrevistas e reportagens, um pouco da história de alguns comunicadores conhecidos da região. Para abrir o especial, uma entrevista com o radialista Israel de Souza.

Israel de Souza, mais de 20 anos dedicados à informação.

Israel de Souza
Foto: Elizangela De Bona
Quem vê o comunicador Israel de Souza pelas ruas, fazendo reportagens e entrevistas para a ARTV, ou ouve sua voz na rádio Hiperativa, sequer imagina como foi sua infância e o início de carreira. Nascido em Rio Pinheiros, Orleans, em uma família humilde, Israel de Souza trabalhou até os 15 anos na roça. “Saí da roça em 1995. Trabalhei em São Ludgero um tempo, primeiro no Posto Buss e depois na Copobras. Nessa época teve uma crise no setor de descartáveis, a empresa demitiu mais de 100 funcionários, e eu fui um dos demitidos. Então fui para Orleans em busca de emprego e, como vim da roça, não escolhia serviço, fiz ficha em vários lugares. Fui chamado em uma construtora, onde trabalhei como servente de pedreiro”, lembra.

“Minha história com a comunicação foi um acaso. Minha infância foi pobre, sofrida. Para se ter uma ideia, quando eu trabalhava na roça, alguns amigos meus vieram trabalhar na prefeitura de São Ludgero, que tinha uma equipe que roçava a estrada, eu sonhava em trabalhar com isso. Não menosprezando, mas eu vinha de uma família pobre, então sair da roça para fazer qualquer coisa na cidade era uma evolução. Nunca pensei em ser radialista. Gostava de rádio, de cantar, quando ia jogar futebol ficava narrando, meu apelido era toca fita, mas nunca me imaginei trabalhando no rádio”, afirma.

Hoje, depois de muita dedicação, Israel de Souza é referência na imprensa da região e usa sua influência e sua profissão para ajudar as pessoas. Em entrevista ao Cidade Notícias, o comunicador, que tem mais de 20 anos de experiência no rádio, fala sobre o início de sua carreira, de sua rotina, dos fatos que o marcaram e de seus objetivos. Confira:

O início

“Um dia eu estava chegando em casa para almoçar e a minha mãe me disse que a rádio Guarujá estava selecionando um menino para ser sonoplasta, que era para eu tentar. Ainda perguntei para ela o que eu ia fazer lá, pois na época eu só tinha o quinto ano, mas tomei um banho e fui. Cheguei lá, tinha uns 15 na minha frente e só um seria contratado. Na época, o diretor da rádio era o Édio Antônio, que hoje está em Lauro Müller. Ele entrevistou todos e quando chegou minha vez, contei minha história e ele me contratou”, conta.
Israel começou como operador de som e, três meses depois, passou a fazer um programa no sábado a tarde, como aprendiz. Com o tempo, a rádio mudou a programação e o jovem comunicador ganhou um programa diário à noite. Com a saída do locutor da tarde, mais um programa. Foram dois anos trabalhando assim. “Em 1998 fui chamado pela rádio Verde Vale para fazer o jornal do meio dia. Na época foi uma façanha, eu tinha 18 anos, não tinha experiência, mas fiz. Fiz polícia, esporte, comandei o jornalismo, fiz o jornal da manhã e, então, saí. Voltei para a Guarujá, onde fiquei três anos, então voltei para Braço do Norte”, recorda. 

O cotidiano

O dia começa cedo para Israel de Souza. Às 5h ele vai para a rádio Hiperativa, onde apresenta o jornal da manhã. Às 8h, vai para a ARTV, onde faz as reportagens e o jornal da noite. Às 11h30min, o almoço. Às 13h, vai para Rio Fortuna, onde administra outra rádio. “Chego em casa por volta das 19h. É bem corrido, mas é prazeroso. Não sei viver hoje sem o rádio, sem estar no meio da informação. Até pensei em sair do rádio uma época e ficar só na TV, fiquei um mês fora, mas vi que estava ficando para trás. A TV é importante, mas o rádio é mais dinâmico, aproxima mais, tive que voltar”.

A família e a profissão

De acordo com o radialista, a profissão, ainda que prazerosa, traz alguns prejuízos. “A família é a parte mais prejudicada. Na verdade, chego em casa às 19h só quando não tenho eventos. Quando tem chego por volta das 11h. Dói em mim, pois os filhos ficam de lado. Deixo de ir em eventos da escola por causa dos compromissos profissionais. Mas, graças a Deus, tenho uma esposa que compreende isso e sabe da minha correria. A família tem que saber, são ossos do ofício. Dói no coração não poder estar mais próximo da família, mas é o preço que se paga.

Momentos marcantes

Segundo Israel, várias foram as pautas que marcaram sua carreira, mas o que marcou mesmo não foi uma história, e sim, um período. “O tempo em que eu fazia o programa policial foi difícil. Na época só tinha a Verde Vale, a audiência era grande, tudo o que se falava era lei, e nessa época nosso estilo era agressivo, polêmico. A polícia ainda passava os nomes e isso repercutia, fiz muitos inimigos. Sofri muito, tinha que andar armado, sair escoltado. Fui muito ameaçado, foram na minha casa várias vezes. Tive que tirar minha família de casa e dormia com o revólver embaixo do travesseiro. Cheguei até a falar com o diretor da rádio, queria sair, mas ele disse, na época, que não tinha problema, mas quem sofria era eu. Quem anda armado, para mim, é polícia ou bandido, me sentia mal. Pensei em desistir, mas passou. Graças a Deus hoje encontro pessoas daquela época, que foram presas e vejo que se recuperaram, tem família. Hoje encontro com elas e rio, brinco. Mas foi um período que marcou muito”.

Barrigada

No jargão do jornalismo, barrigada é uma matéria falsa ou errada, publicada com grande “estardalhaço”. O oposto de “furo”. Simplificando: o pesadelo de todo jornalista e comunicador. Israel de Souza já passou por isso. “Foi na eleição municipal de 2004. Eu coordenava a equipe de jornalismo da Verde Vale e estava cobrindo as eleições de Grão Pará, onde o Amilton Ascari e o Valdir Dacorégio estavam disputando. Eu estava no salão acompanhando a apuração, os resultados de todos os municípios da comarca já tinha saído, menos de Grão Pará. Na angustia de informar, perguntei ao José Nei, prefeito na época e que apoiava o Amilton (Breca), se ele tinha alguma informação. Então ele me disse que, pelas informações extraoficiais que ele tinha, o Valdir tinha ganhado por quatro ou cinco votos de diferença. Caí na bobagem de noticiar. Todo mundo sabe como as eleições em Grão Pará são ferrenhas. Eu disse que era uma informação extraoficial, mas o pessoal que era do PT e do PMDB, que apoiavam o Valdir, ouviu pela metade e foi para a avenida comemorar. Meia hora depois, questionei o Zé Nei de novo e ele me disse que tinha empatado. Por causa do empate, o mais velho, no caso o Ademir, assumiria. Entrei de novo, dei a notícia e expliquei a vitória, apesar do empate. Lembro que o Valdir veio  tirar satisfação comigo, as pessoas queriam invadir a rádio, tivemos que chamar o patrulhamento tático. Esse episódio marcou”.

Benefícios de ser um comunicador

Para o radialista e apresentador, a melhor parte de ser um comunicador é poder ajudar as pessoas. Israel conta que, durante um tempo, se preocupava apenas em noticiar, não tinha um compromisso com a comunidade. Mas isso mudou. “Os veículos de comunicação tem uma responsabilidade muito grande, pois podem mudar a história de uma cidade. Hoje eu trago a notícia, mas procuro um diferencial. Quando tem a crítica, eu busco resolver a situação. Levanto as denúncias, mas ligo para os denunciados e tento resolver. Acredito que os veículos tem essa função, tem que se envolver e usar os meios como ferramentas para fazer o bem”.

 As referências

“Já trabalhei com muita gente boa: Paulo Otaran, Dante Bragato Neto, Rubens Rabelo, Gelson Luiz Padilha, PP Miranda, Paulo Henrique, Lourival Salvato, Alcir Silva, Valdir Marcelino, Pedro Ramon, Tom, todos muito bons, mas como referência tenho o Édio Antônio, da Cruz de Malta, que me colocou no rádio, me deu a oportunidade, um grande profissional pelo qual vou ser eternamente grato, e o Luiz Antônio Brescianini. Trabalhei com ele 10 anos, é um camarada sensacional, muito ético. Eu era menino e ele me deu uma oportunidade na Verde Vale, sempre ensinando e cobrando a forma correta de fazer as coisas”.

O Facebook e o Whatsapp

Conforme Israel, as redes sociais, assim como o Whatsapp contribuem muito com quem trabalha com informação, porém, é preciso cautela. “Tem que saber filtrar, nem tudo o que está ali é verdade. Eu mesmo já fui traído pelo Facebook duas vezes. Confiei, dei a notícia e depois fui ver e não era nada daquilo. São, sem dúvidas, ferramentas muito importantes, mas tem que filtrar. Acho que é nisso que os veículos se sobressaem, na apuração, na qualidade da informação”.

Os objetivos

“Tenho muitos projetos, coisas que nem falo, pois são projetos pessoais, mas posso dizer que gosto do que eu faço e não pretendo sair. Gosto do rádio, da TV, gosto de escrever para os jornais, como colunista, não sou jornalista, e sim, radialista. Meu objetivo é continuar melhorando na área, continuar sendo parceiro das pessoas. Gosto muito de política também, tenho planos de um dia disputar algum cargo. Isso não significa que vá ser no ano que vem. Tem que ser com calma, tem que acontecer naturalmente. Não vou abandonar minha profissão, mas tenho vontade. Esses anos no rádio despertaram isso em mim. Então meus objetivos são esses: continuar no rádio, no meio da comunicação colaborando com os veículos e, se um dia surgir a oportunidade, disputar uma eleição em Braço do Norte”.

Tudo outra vez

“Cometi muitos erros que não cometeria de novo, briguei com muita gente por causa da profissão, mas faria tudo de novo. Tomaria alguns cuidados, mas seria o que sou. Valeu a pena, foram 20 anos de muitas conquistas”. 

Acesse o site do Cidade Notícias e ouça a entrevista na íntegra.

Matéria publicada em setembro, no jornal Cidade Notícias.


sábado, 12 de setembro de 2015

Aromáticos reinaugura com show do Dazaranha

Reinauguração é hoje, a partir das 11h.

Hélio Volpato
Foto: Elizangela De Bona
Depois de três anos fechado para eventos, o Espaço Cultural Aromáticos reabre suas portas hoje, dia 12, a partir das 23h, com show da banda Dazaranha. A reinauguração conta ainda com o som do Surf Trio, Carol Morena, e os donos da casa, Aromáticos. De acordo com o empresário e músico Hélio Volpato, tudo está sendo preparado para tornar o momento especial. “Cabem 700 pessoas na casa, mas vamos colocar, no máximo, 450, para ficar legal para todo mundo. Queremos proporcionar conforto e tranquilidade para quem vai”, destaca.

Ainda conforme o músico, o local conta também com um novo estacionamento, mais amplo. O frio também não será um problema. “Se for frio, temos duas lareiras prontas para deixar o ambiente aconchegante. Estamos pensando em todos os detalhes. Queremos oferecer o melhor”, completa.

Os Aromáticos

Há 20 anos, nascia o Espaço Cultural Aromáticos. Mais do que um local de ensaios da banda, um local para reunir os amigos e fazer música. “No começo era só uma casinha com uma churrasqueira. Depois foi aumentando. Como não queríamos sair para tocar profissionalmente, já que o objetivo não era viver de música, decidimos começar a convidar uns amigos de São Ludgero, Orleans, Urussanga, Braço do Norte, amigos que tinham banda e que gostavam de fazer um som. Com o tempo os encontros foram reunindo cada vez mais gente e fomos aumentando a casinha”, lembra Hélio Volpato.

Ele conta ainda que, apesar de a casa ter se mantido fechada para shows durante três anos, os encontros musicais não pararam. “Nos reunimos duas vezes por semana, é sagrado. Quando não vamos para tocar, vamos para conversar, compor, traçar metas, mas sempre vamos”, salienta. “Além de reunir as bandas, queremos, com o espaço, influenciar outras pessoas que gostam de música a viver isso, a viver a vida”, completa.

A banda Aromáticos, hoje composta por Hélio Volpato, Nilton Baschirotto, Fábio Becker, Alexandre Fornaza e Arthur Bertoncini, nasceu em 1995. Em 2003, a banda lançou seu primeiro CD, Viagem Astral, com nove músicas inéditas e uma regravação. Ainda este ano, a banda lança seu mais novo trabalho, Guardiões de Gaia, que, de acordo com Hélio, é um projeto educativo de preservação ambiental.

Próximo evento comemorará os 20 anos da banda


A data já está marcada: dia 17 de outubro. Neste dia, Aromáticos e amigos comemoram os 20 anos da banda. “A ideia é um sunset, no fim da tarde”, conta Hélio. Para animar a festa, além de Aromáticos, Maria do Relento, banda de Porto Alegre, sucesso nacional nos anos 80 e Bandalheia. “Queremos ter também Evandro Rodrigues, Teto Fernandes, Rodrigo Felipe, Área 51 e Durango Kids, entre outras bandas”. 

Matéria publicada em setembro, no jornal Cidade Notícias.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Simplesmente amor

Há três anos, seu Elias se dedica aos cuidados com sua esposa, dona Maria, que tem Alzheimer e, por causa de uma infecção, se encontra acamada.

Seu Elias e dona Maria.
Foto: Elizangela De Bona
 “É fácil amar quando a saúde e a conta bancária estão em dia – bem alinhadas e sobrando. É fácil amar quando só há o belo, o arrumado... O amor se fortalece e prova ser amor quando se torna difícil”. As frases são de um texto de Maria Fernanda Paetzel e refletem bem o amor do seu Elias Della Giustina, de 90 anos, e da dona Maria Werncke Della Giustina, de 92, casados há 72 anos.

Há três anos, dona Maria, que já tinha Alzheimer, teve uma infecção urinária muito forte e, desde que voltou do hospital, está acamada. Ela se alimenta por sonda, não pode falar e nem ouvir, mas quem disse que isso importa para o seu Elias? “Amo tanto ela, dá até uma dor no coração ver ela assim, mas vou continuar cuidando da minha companheira. Até quando Deus quiser”, afirma.

Com um carinho de encher os olhos, frequentemente seu Elias se coloca ao lado da esposa, onde conversa e acaricia a amada, sempre preocupado com seu bem estar. A dedicação e o carinho são explícitos. “Coisa linda de se ver”. E é com a mesma alegria e carinho com que cuida da esposa que seu Elias lembra o passado. “Nosso casamento sempre foi muito bom. Passamos por situações difíceis, mas superamos. Ela sempre foi muito boazinha pra mim. Uma companheira e tanto”, destaca.

Seu Elias ainda lembra orgulhoso dos tempos em que a mulher fazia roscas e bolacha enfeitada para vender. “Ela era famosa pelas roscas que fazia. Tinha dias em que fazia sete fornadas, tudo encomenda. Fazia bolacha também”, comenta.

Juntos, seu Elias e dona Maria tiveram 10 filhos: Zenir, Verônica, Vilson, Terezinha, Gesni, Hélio, Margarete, Franquelino, Carmelita e Hilda. Hoje, além dos filhos, o casal tem 31 netos, 39 bisnetos e dois tataranetos. “Presentes de Deus”, segundo o senhor. Desde 1943, já foram sete casamentos, o que, para seu Elias, ainda é pouco.  “Casaria de novo com ela. Mais sete vezes”, ressalta. Sem dúvidas, um “amor sem limites, o maior e mais forte que existe”, como diria Roberto Carlos.

“O desafio é reconhecer o amor mesmo em dias de silêncio – quando não há pistas do que se passa dentro do outro, quando até respirar parece não provocar movimento”.
(Maria Fernanda Paetzel)

Matéria publicada em agosto de 2015, no jornal Cidade Notícias.